Rastreamento do câncer de mama

O rastreamento do câncer de mama é a aplicação de estratégia para o diagnóstico precoce da doença. O ideal é que o método seja capaz de diagnosticar a lesão mamária em fase subclínica, ou seja, no momento em que ainda não haja sinal ou sintoma. Portanto, não há nódulo ou linfonodo suspeito, saída de líquido pelo mamilo, retração de pele ou mamilo, etc. Nesta ocasião o potencial de cura é muito elevado. Segundo dados do Surveillance, Epidemiology, and End Results Program (SEER), quando a doença é diagnosticada em sua forma localizada (apenas na mama), a sobrevida por chegar a 98,7% em 5 anos (Gráfico 1).1

Gil Facina

Mamografia

A mamografia chegou no Brasil em 1971, no Instituto Brasileiro de Controle de Câncer. 2

 

Nas décadas subsequentes sofreu avanços técnicos fundamentais que culminaram em método seguro (com baixo índice de radiação) e acessível a grande parte da população. Nos anos 90 a tecnologia evoluiu para método digital que aumentou ainda mais sua acurácia. 3

 

Para se ter bom contraste e permitir análise adequada da mamografia, há necessidade de se realizar compressão das mamas durante o exame (Figura 1).

Gil Facina

Sabe-se que a mortalidade por câncer de mama reduziu, principalmente nos países desenvolvidos, pela aplicação de programas organizados de rastreamento e pelo acesso a tratamentos mais eficazes.

 

A faixa etária e a periodicidade de realização do exame para o rastreamento de mulheres de risco habitual assintomáticas é controversa na literatura médica e vários órgãos governamentais e sociedades médicas possuem sua própria recomendação. As principais estão destacadas no Figura 2.

Gil Facina

Situações Especiais

Algumas situações elevam substancialmente a chance para se desenvolver o câncer de mama ao longo da vida. Nessa população classificada de alto risco a recomendação do rastreamento deve ser individualizada.

 

Uso da Ressonância Magnética das Mamas

A ressonância magnética (RM) das mamas utiliza a combinação de imagem anatômica gerada pelo aparelho que vai permitir o estudo dos tecidos mamários e lesões destacadas pelo contraste que é injetado antes ou durante o procedimento diagnóstico.

As principais indicações para a realização da Ressonância Magnética estão resumidas abaixo 9:

  • Mulher portadora de mutação genética deletéria tipo BRCA 1 ou BRCA 2 confirmado por teste genético.
  • Mulher com parente de 1º grau (mãe, irmã ou filha) portadora de mutação genética deletéria tipo BRCA 1 ou BRCA 2, porém ainda não testada.
  • Mulher com risco superior a 20% de desenvolver câncer de mama ao longo da vida. Esse valor é avaliado por modelo matemático que pode usar dados pessoais e familiares no cálculo. Foram desenvolvidos vários modelos para esse fim, sendo a ferramenta de avaliação de risco conhecida por Modelo Tyrer-Cuzick muito empregada. 10,11
  • Mulher que recebeu radioterapia no tórax em idade jovem (10 a 30 anos).
  • Mulher portadora de mutações genéticas deletérias que aumentam o risco de desenvolvimento do câncer mama. Dentre essas, pode-se destacar as seguintes síndromes: Li-Fraumeni, Cowden ou  Bannayan-Riley-Ruvalcaba. Vale ressaltar que mulheres não testadas, que possuem parente de 1º grau portadora destas síndromes também são consideradas de alto risco.

 

Outras indicações de ressonância magnética podem incluir 9:

  • Avaliar achados detectados na mamografia.
  • Rastreamento de mulher com alto risco ou portadoras de mamas muito densas e heterogêneas.
  • Complementar a avaliação em pacientes com implantes mamários que apresentaram achados duvidosos no rastreamento mamográfico.
  • Avaliar paciente que apresenta nódulo metastático em axila, porém com exame físico, mamografia e ultrassonografia normais, ou seja, auxiliar no diagnóstico do câncer oculto de mama.
  • Avaliar extravasamento de silicone dos implantes mamários.
  • Avaliar o tamanho e a localização do câncer de mama em situações especiais, tais como mamas extremamente densas ou na presença de carcinoma lobular invasivo.
  • Avaliar o acometimento do tórax na doença avançada.
  • Avaliar a região retroareolar (região central da mama) quando há alterações do mamilo, tais como retração ou úlceras.

 

Leitura complementar

1.  https://seer.cancer.gov/statfacts/html/breast.html

2.  https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/mamografia-no-brasil/22530

3.  http://www.scielo.br/pdf/rb/v47n4/0100-3984-rb-47-04-0VII.pdf

4.  https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama/profissional-de-saude

5.  http://www.scielo.br/pdf/rb/v50n4/pt_0100-3984-rb-50-04-0244.pdf

6.  https://www.nhs.uk/conditions/breast-cancer-screening/

7.  https://www.cancer.org/healthy/find-cancer-early/cancer-screening-guidelines/american-cancer-society-guidelines-for-the-early-detection-of-cancer.html

8.  https://canadiantaskforce.ca/guidelines/published-guidelines/breast-cancer-update/

9.  https://www.hopkinsmedicine.org/healthlibrary/test_procedures/gynecology/breast_mri_92,p09110

10.  http://www.ems-trials.org/riskevaluator/

11.  http://ibis.ikonopedia.com/