Mamografia: classificação BI-RADS®

É uma sigla que significa Breast Imaging-Reporting and Data System.

 

Esse sistema de classificação padronizado foi publicado pelo American College of Radiology, pela primeira vez, em 1993. Novas edições do texto foram publicadas em 1995, 1998, 2003 e 2013 (5ª edição). As principais mudanças da última versão podem ser consultadas nessa referência. 1

 

Hoje a nomenclatura é aplicada para descrever achados de exames de mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética das mamas.

 

Esse método descritivo avalia inúmeros itens do exame, correlaciona esses achados com o risco de câncer de mama e indica recomendações de conduta.

 

Dentre os critérios analisados destaca-se: 2

  • Composição mamária: analisa a proporção entre tecido fibroglandular e gordura. Reflete a densidade mamária.
  • Massas: descreve presença de nódulos e suas características principais: forma, margens e densidade.
  • Calcificações: descreve as características, forma e distribuição das calcificações nas mamas.
  • Analisa a presença de assimetrias entre as mamas.
  • Avalia presença de linfonodos, dilatação de ductos mamários, alterações de pele e localização das lesões.

Após a conclusão dos achados, o exame é classificado em categorias conforme destacado abaixo (Tabela 1).

As recomendações e o risco de câncer definido pela categoria são aplicáveis para a mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética.

Gil Facina

Vale ressaltar que essa classificação é usada para exames de rastreamento, ou seja, para mulheres assintomáticas. Em pacientes que apresentam queixas e/ou achados no exame físico, o médico deverá conduzir a situação.

 

Mamas Densas

Pacientes que apresentam mamografia com predomínio de tecido fibroglandular (mamas densas) tem maior risco de desenvolver o câncer de mama e, nessa situação, a mamografia tem menor sensibilidade (mamas densas dificultam a avaliação das lesões mamárias).3,4

 

Estudo caso-controle que comparou o risco de desenvolvimento de câncer de mama em 1.112 pacientes que apresentavam mamas lipossubstítuidas (<10% de tecido mamário) ou mamas extremamente densas (>75% de tecido mamário) encontrou aumento de risco significativo de 470% para pacientes com mamas densas (OR:4,7). 4

 

Estima-se que 43% das mulheres norte-americanas entre 40 e 74 anos apresentam mamas heterogeneamente ou extremamente densas. 5  

 

A presença de mamas de densas aumenta as taxas de reconvocação (necessidade de exame complementar para esclarecer achados na mamografia). Trabalho que avaliou o rastreamento em 452.320 exames, sendo que 278.906 mulheres realizaram a mamografia digital (MD) e outras 173.414 realizaram a MD associada à tomossíntese mamária (MD+T). Os resultados mostraram redução de 18% de reconvocação nas pacientes com mamas densas para o exame combinado (MD+T). A MD detectou 2,9 casos de câncer a cada 1.000 exames de rastreamento em pacientes com mamas densas e o método combinado com tomossíntese encontrou 4,2 casos de câncer a cada 1.000 rastreamentos (aumento relativo de 44,8% nas taxas de detecção). 6   

 

A densidade mamária pode ser classificada de acordo com a porcentagem de tecido fibroglandular (densidade mamária) (Tabela e Figura abaixo).

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